As pautas sobre orientação sexual estão sendo cada vez mais abordadas, e conforme o assunto ganha mais espaço para conversação dentro da sociedade, temas como: inclusão social, representatividade, pronomes neutros, entre outros assuntos debatidos sobre a comunidade LGBTQIAP+, ganham maior evidência.
Um dos temas mais discutidos recentemente é a disseminação da linguagem neutra. A utilização dos pronomes neutros no vocabulário está em crescente aumento nas camadas da sociedade, inclusive dentro do mercado de trabalho, que já reconhece a existência e a importância de englobar todos os indivíduos que não se identificam com algum gênero.
Fato é que, apesar de constantes discussões e polêmicas, principalmente nas questões gramaticais, a linguagem de gênero está cada vez mais visível no dia a dia.
Quer saber mais sobre os pronomes neutros? Continue a leitura!
Afinal, o que são os pronomes neutros?
A proposta dos pronomes neutros é a utilização de uma terceira letra para distinguir o gênero masculino do feminino na Língua Portuguesa.
Por exemplo, o padrão para nos referirmos às pessoas do gênero masculino que está lendo esse post, é comum chamarmos como ‘’leitor’’, se fosse mulher seria ‘’leitora’’. Já utilizando-se da linguagem não binária, chamamos de ‘’leitore’’.
Outro exemplo, na Bienal do Rio de 2019, a escritora Conceição Evaristo saudou ao público do local utilizando a frase ‘’Bom dia a todos, a todas e a todes’’, fazendo uso do pronome neutro ‘’todes’’ para pessoas não binárias. Contextualizando, o termo "não binário" é usado para descrever as pessoas que não podem, de acordo com sua autopercepção, ser definidas dentro dos gêneros socialmente estereotipados. Na prática, o processo de adaptação para linguagem neutra é proposto no uso da letra ‘’E’’, utilizado como desinência nominal para as palavras que especificam o gênero. A comunicação com neutralidade apresenta sua adaptação na troca do pronome possessivo que pode ser no masculino ou feminino, para o uso do pronome neutro.
Exemplos:
Masculino: ‘’Ariel é muito esperto’’.
Feminino: ‘’Ariel é muito esperta’’.
Linguagem neutra de gênero: ‘’Ariel é muito esperte’’.
A identidade de gênero para pessoas não binárias também abrange o debate sobre como uma linguagem neutra pode ser mais justa para as pessoas que se identificam entre gêneros
Além da troca de substituir as letras "a" e "o'' em finais de adjetivos para "e", a troca dos pronomes masculino e pronomes femininos é adaptada para não binários usando "ile/dile" ou "elu/delu".
A comunidade LGBTQAIP+ considera que a adição dos pronomes neutros é uma comunicação inclusiva, que reconhece a utilização desses recursos para se sentirem confortáveis, além do poder de representatividade.
Como adequar a sua comunicação à linguagem neutra de gênero?
Para adotar a linguagem neutra de gênero, primeiramente precisamos compreender um dos principais motivos da importância da adequação a linguagem neutra de gênero.
Frases como: ‘’Os alunos estão ocupados” ou “O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe’’, são utilizados no uso linguístico masculino genérico para expressar um gênero não especificado, ou seja o termo masculino refere-se a uma identificação neutra, que inclui tanto homens, quanto as mulheres.
A língua portuguesa derivou do latim, que tinha como base três definições de gênero: masculino, feminino e neutro, a fusão entre masculino e neutro ocorreu por conta de algumas equivalências de estruturas morfossintáticas.
A utilização do uso masculino genérico, também conhecido como “falso neutro“, é considerado uma demonstração para reforçar as estruturas patriarcais estabelecidas na sociedade, que colocam o homem acima da mulher. Você já reparou que quando se quer um efeito genérico, tratamos médico no masculino, e empregado no feminino?
A utilização do gênero é uma forma de criar regras que acabam, indiretamente, limitando ambições ou reforçando estereótipos.
A importância de estabelecer e empregar mudanças representativas na língua portuguesa, passa não apenas pela mudança dos adjetivos e substantivos para masculino ou feminino, mas sim em conseguir comunicar-se sem excluir ninguém.
Separamos algumas dicas para conseguir adequar a comunicação:
Evite utilizar artigos ou pronomes que especifiquem qualquer gênero. Exemplo: Em vez de colocar “os participantes da reunião” ou “os líderes”, prefira “participantes da reunião” e “líderes”.
Usar a palavra “pessoas” é uma ótima opção para variar os substantivos de acordo com o gênero. Exemplo: em vez de utilizar “colaboradores”, “executivos”, opte por “pessoas que trabalham na empresa” e “pessoas executivas”.
Procure por formas alternativas de representação. Exemplo: substitua “os diretores”, “os coordenadores", "a diretoria” e “a coordenação”.
Pronomes neutros: como as empresas estão se preparando?
Bem como na sociedade, o mercado de trabalho também está agregando conhecimento sobre a utilização da linguagem neutra. Todas as ações envolvidas no processo, desde adaptação e conhecimento até a implantação da comunicação não binária, requerem um impacto direto na mudança no cenário da comunicação.
Diante dessa perspectiva, o papel das organizações corporativas é fundamental para a adoção da linguagem neutra de gênero dentro dos âmbitos corporativos. Assim como outras falantes que foram e estão sendo abolidas na sociedade, na luta pela igualdade de direitos civis de mulher, comunidade LGBTQIA+, movimento negros, entre outros grupos.
Termos como “isso é coisa de mulher’’, ‘’judiar”, “criado-mudo”, “denegrir”, “traveco”, eram até pouco tempo falantes bem aceitas na sociedade. Assim como aconteceu com esses termos, com o tempo e a conscientização da anulação dessas expressões, a transformação pode ocorrer também com a linguagem neutra.
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Entendo que a língua
portuguesa perde muito de sua beleza com estas propostas em processo de vislumbre. Penso que tais mudanças devem ocorrer num tempo de conquista mais alongado sendo e sem a interferência precipitada por parte de instituiçoes seja privada ou governamentais.